Artrite reumatoide

12 de outubro é o dia mundial de conscientização sobre a Artrite Reumatoide.

Precisamos falar mais sobre a dor e sofrimento de quem convive com essa doença. Assim como, abordar as novas perspectivas de tratamento, e conversar mais sobre como promover melhora da qualidade de vida dessas pessoas.

Tenho suspeita de fibromialgia. Qual médico devo procurar?

O especialista treinado em realizar o diagnóstico e tratamento da fibromialgia é o médico reumatologista. Esse especialista está habilitado a identificar os transtornos e doenças que podem estar associados à fibro. Além disso, ele é apto a afastar os diagnósticos diferenciais dessa doença, e ainda, identificar doenças autoimunes reumatológicas, cuja associação tem prevalência aumentada em alguns casos. 

Transtornos coexistentes que se associam à fibromialgia:

  • Transtorno de ansiedade;
  • Depressão;
  • Síndrome do intestino irritável;
  • Disordens temporomandibulares;
  • Transtornos do sono;
  • Dor pélvica crônica.

Mas, é muito importante ressaltar que a fibromialgia é uma doença que envolve tratamento multidisciplinar. Ou seja, além do reumatologista, vários outros especialistas são fundamentais no tratamento da fibromialgia. 

  • Psicológo;
  • Psiquiatra;
  • Educador físico;
  • Fisioterapeuta;
  • Fisiatra;
  • Entre outros.

 

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Distúrbios do sono na fibromialgia

Muitos pacientes com fibromialgia apresentam queixas relacionadas ao sono, como:

  • Acordar cansado;
  • Dificuldade para pegar no sono;
  • Dificuldade em manter o sono;
  • Sonolência e cansaço durante o dia.

A maioria dos pacientes com fibromialgia apresentam o sono não reparador como uma caraterística da sua doença. Já foi demonstrada uma perturbação do sono durante a fase 4 de sono profundo. Porém, distúrbios primários do sono como a apneia do sono, a síndrome das pernas inquietas e o transtorno do movimento periódico dos membros também podem vir associados. E ainda é muito frequente, a presença do transtorno de ansiedade e da depressão junto à fibromialgia. Essas doenças são co-morbidades independentes relacionadas à insônia.

Desse modo, há vários motivos além da própria dor, para o portador de fibromialgia ter um sono ruim. Converse com o seu médico, pois o reconhecimento precoce dessas condições, permite uma abordagem adequada no tratamento do seu distúrbio do sono, e isso pode ser um contribuir com significativa melhora na qualidade de vida de quem sofre com a fibromialgia.

A confusão entre biológicos e vacinas

Um outro dia, um paciente falou: – “Tomei a vacina há 2 semanas, doutora.” Eu entendi que era vacina da gripe ou da febre amarela. Então, perguntei: – “Mas qual? A da gripe?”. E ele respondeu: – “Não, doutora, o adalimumabe”.

Muitos pacientes costumam chamar o medicamento biológico, principalmente os de aplicação subcutânea, de vacina.

Mas o que são biológicos?

Os biológicos ou imunobiológicos são por definição produtos originados de organismos vivos que são desenvolvidos por meio da engenharia genética, ou de outras tecnologias de ponta, para atuar em alvos específicos dentro do organismo.

Na reumatologia, nós conhecemos os biológicos como os “tratamentos novos e de alto custo” que são usados na artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus, entre outros.

Mas, os biológicos não são produtos exclusivos da reumatologia. A insulina humana é considerada o primeiro medicamento biológico produzido, e hoje existem diversos medicamentos, como os utilizados no tratamento do câncer.

E voltando às vacinas, elas TAMBÉM são um tipo de imunobiológico por definição. Provavelmente, daí vem a confusão de achar que os medicamentos biológicos usados no tratamento de algumas doenças reumatológicas, também poderiam ser chamados de vacinas. São biológicos comumente usados na Reumatologia: abatacepte, adalimumabe, belimumabe, certolizumabe, etanercepte, golimumabe, infliximabe, tocilizumabe, rituximabe, secuquinumabe, entre outros. Esses medicamentos são, portanto, biológicos, mas não são vacinas. 

Só relembrando, o que é vacina?

Vacinar, é criar artificialmente e sem riscos, um estado de proteção contra determinadas doenças infecto-contagiosas e graves. As vacinas são substâncias biológicas, preparadas a partir dos microorganismos causadores das doenças (bactérias ou vírus), modificados laboratorialmente, de forma a perderem a sua potencia de provocar doença. As vacinas quando administradas, estimulam no organismo, depois de algum tempo, a produção de ANTICORPOS contra essas mesmas bactérias ou vírus. Fonte: Ministério da Saúde.

Assim, vacina é um biológico. Mas nem todo biológico é vacina.

Portanto, apesar da confusão ser justificável, é importante chamar o seu biológico, usado no tratamento da sua doença reumatológica, pelo nome correto.  Reconhecemos que, às vezes, os nomes são um tanto complicados de se memorizar e até mesmo difíceis de se pronunciar, mas com o tempo todos nós nos acostumamos.

A dor da fibromialgia é real

A fibromialgia é uma doença cujo diagnóstico é essencialmente clínico. Ou seja, não há nenhum marcador nos exames de sangue, nem em imagens que confirmem o diagnóstico. Por isso, muitos pacientes se questionam se a dor não seria puramente psicológica.

Ela se caracteriza por ser um transtorno de regulação da dor em que o paciente apresenta uma resposta dolorosa exacerbada. Já foram detectados em estudos alterações em imagem e em neurotransmissores que justificam o caráter orgânico da doença.

Múltiplos fatores são associados à fibromialgia: ambientais, genéticos, biológicos (por exemplo, uma maior frequência em mulheres), distúrbios do sono, sedentarismo, obesidade e até mesmo a insatisfação em casa ou no trabalho podem estar relacionados.

O fator psicológico, entretanto, também é de fato parte importante dessa doença. Alguns traços de personalidade, traumas psicológicos e transtornos de humor são frequentemente associados.

Portanto, o componente psicológico é um dos fatores relacionados à fibromialgia, porém não contempla toda a complexidade dessa doença que é multifatorial e cujas origens ainda não estão totalmente esclarecidas.

Medicina baseada em evidências: o que todo paciente deveria saber

Durante muito tempo, a medicina foi baseada em experiências individuais, e na crença de que se um determinado remédio ou comportamento fazia bem para um, já seria o suficiente indicar para o outro.

Mas, hoje em dia, a boa prática da medicina requer um embasamento científico, isto é o que chamamos de medicina baseada em evidências. Ela é definida como o elo entre a boa pesquisa científica e a sua aplicação na prática clínica.

Para um medicamento ser indicado para uma doença, ele precisa ter sido estudado profundamente. É avaliada a efetividade, a eficácia e a segurança do remédio. Além disso, a decisão clínica, não é baseada em um estudo apenas. Para vocês terem uma ideia, nas metanálises, que são consideradas nível I de evidência, é feito um cálculo estatístico aplicado aos estudos incluídos em uma revisão sistemática. Trocando em miúdos, é estudo, do estudo, do estudo!

Então, quando o paciente pergunta para o seu médico, se ele pode tomar um chá que curou as dores da sua vizinha, e o médico diz: “Veja bem, não há evidências de que esse chá melhore o seu problema”. Ele quer dizer que não foram feitos TODOS esses estudos explicados anteriormente para comprovar que o paciente pode tomar esse chá com a segurança, e com a certeza que ele terá efeito. Pode ser que ele cause efeitos colaterais, ou que só funcione para um determinado tipo de pessoa. Não dá para afirmar sem as pesquisas sérias.

Desse modo, é importante ter cuidado com os medicamentos milagrosos, chás curativos e vitaminas fortificantes, pois, na maioria das vezes, não há nenhum estudo comprovando a sua efetividade, e podem ainda, causar danos irreversíveis à saúde.

Dicas de como usar o filtro solar

Costumamos falar sobre filtro solar como um assunto especialmente dedicado aos pacientes lúpicos, pois a exposição aos raios UV podem piorar ou induzir manifestações da doença. Mas o uso do filtro solar é uma recomendação para todas as pessoas, mesmo as que não tem lúpus.  Pois, em qualquer pessoa, o sol pode levar a manchas, queimaduras na pele, fotoenvelhecimento e até mesmo câncer de pele.
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Aqui vão 5 dicas de como usar o filtro solar:
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1)Use filtros com bloqueio UV-A (PPD) e UV-B (FPS), e que de preferência tenham um fator de proteção maior ou igual a 20-30 (e se você tiver lúpus maior ou igual a 55).
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2)Aplicar 30 min antes da exposição solar. E lembre-se de que não basta passar o filtro pela manhã e acreditar que está  protegido. É  preciso replicar o filtro durante o dia. A quantidade de vezes vai depender da sua transpiração, exposição à  água (se vai entrar no mar, piscina, etc) e fator (FPS) do produto. Em geral a recomendação de reaplicação é de 2 em 2 horas. Mas vale perguntar ao seu dermato no seu caso, como deve ser a sua reaplicação no dia a dia.
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3)Apesar da maquiagem com protetor solar (bases/BBcreams) serem bastante práticas, elas podem ter baixo FPS, e na maioria das vezes não  possuem proteção contra UV-A. 
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4)Use complementos como chapéus, óculos de sol e blusas de manga comprida.
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5)Mesmo em ambientes fechados como no trabalho ou em casa é preciso usar o filtro solar. A lâmpada fluorescente, assim como os monitores do computador podem expor raios UV. E se a sua profissão envolve exposição frequente da pele, como por exemplo, os jardineiros, agricultores, carteiros, ambulantes, trabalhadores da construção civil, pessoas que precisam passar grande parte do tempo na rua, é preciso ter um cuidado redobrado com o uso do filtro solar.
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Na dúvida, consulte um dermatologista.

Artrite reumatoide: novas perspectivas

Artrite Reumatoide (AR)

Sempre que falamos de artrite reumatoide, os pacientes perguntam: “é verdade que vou ficar com a mão toda torta?”. Antigamente, o diagnóstico da AR demorava a ocorrer, e quando o paciente chegava ao reumatologista, já havia muita deformidade e incapacidade funcional. Por isso, o que muita gente conhece da doença é aquela foto do doente com AR com as articulações já bastante deformadas.

Mas, a medicina evoluiu bastante nesse aspecto. Hoje existe um número muito maior de reumatologistas. E estes são orientados por critérios clínicos e laboratoriais que ajudam a classificar a doença, facilitando um diagnóstico mais precoce. Os tratamentos também evoluíram. Além dos DMARDs (drogas modificadoras de atividade de doença) sintéticos como metotrexato, leflunomida, hidroxicloroquina e sulfassalazina, existem os chamados biológicos, e também as “pequenas moléculas” que podem ser indicados em casos de falha terapêutica inicial. E os laboratórios continuam trabalhando para desenvolver novos medicamentos para o tratamento da AR.

Hoje em dia, além da preocupação com a “mão torta”, temos bastante cuidado em avaliar o caráter sistêmico da doença. É importante prevenir e tratar manifestações extra-articulares e manter um estilo de vida saudável, pois a AR é por si só é um fator de risco para doença cardiovascular.

Apesar de ainda ser considerada uma doença sem cura, sabemos que ela pode ser adequadamente tratada. E a chamada remissão da doença, pode ser atingida com grande sucesso, e nesses casos os pacientes com AR podem ter ótima qualidade de vida e mínima limitação funcional.

3 dicas para ter melhor qualidade de vida na AR

  • Não fume

O cigarro está associado ao desenvolvimento da AR, pior controle da doença e pior prognóstico.

  • Mantenha um estilo de vida saudável

Pratique exercícios físicos (com orientação médica)

Mantenha alimentação saudável. E, evite também o sobrepeso.

  • Educação sobre a doença

Aprenda sobre o seu diagnóstico. É preciso saber o nome e sobrenome. Não adianta saber que você tem artrite. É preciso saber se a artrite é reumatoide, psoriásica, reativa, enteropática, espondiloartrite, etc…  faz toda a diferença! Saiba o que você sozinho em casa pode fazer para melhorar a doença, conheça os tratamentos disponíveis e as complicações que podem ocorrer.

Decisão compartilhada

Quando vamos ao médico, nós levamos nossas queixas, o médico dá o diagnóstico e decide o nosso tratamento, certo? Parece não haver nada errado nisso. Mas o que faltou nessa consulta foi o que chamamos de decisão compartilhada. 

A decisão compartilhada é quando o médico e o paciente tomam juntos a decisão sobre os rumos dos cuidados da saúde do paciente. É acima de tudo, uma conversa franca, em que são explicados pelo médico os riscos/benefícios, as opções de tratamento, as possibilidades de melhora e piora, tudo com embasamento científico. E do outro lado, o paciente expõe sua situação de vida, incluindo questões financeiras, familiares, de trabalho, lazer, ou qualquer que seja o assunto que tenha impacto na saúde.

Porém, a decisão compartilhada muitas vezes não encontra o ambiente ideal no consultório. Quer seja, pelo tempo escasso da consulta que impede que ambas as partes não consigam expor as informações relevantes, quer seja pela falta de habilidade do médico em conseguir adequar o tratamento ao contexto de vida e preferências do paciente. Mas, isso não impede que a decisão compartilhada seja perseguida como um caminho para trazer maior individualização e qualidade para o tratamento dos pacientes. 

Algumas dicas ajudam a criar uma oportunidade de decisão compartilhada na consulta:

  • Antes de se submeter a um procedimento invasivo, pergunte ao médico “o que aconteceria se não fizesse nada?”. Não que você vá certamente escolher não fazer nada, mas é preciso saber as consequências, para ter melhores condições de fazer sua escolha.
  • Se você não tiver condição financeira de comprar um medicamento, pergunte se há uma opção mais barata ou que seja oferecida pelo SUS. Questione ainda, se a troca vai causar algum prejuízo no tratamento.
  • Esteja sempre informado, mas não recorra ao “Dr. Google” de forma desorientada. A internet está repleta de “fake news” e informações, que, muitas vezes, não tem nenhum embasamento científico.
  • O caso do paciente reumatológico que vai ser submetido ao tratamento com biológico tem várias particularidades. A escolha do biológico vai além das questões clínicas da enfermidade. Ela envolve farmacoeconomia, disponibilidade no SUS ou liberação pelos convênios, já que são medicamentos de alto custo e tem sua disponibilização controlada. Existe no mercado uma ampla variedade de opções. É claro, que o reumatologista é pessoa mais qualificada para orientar o medicamento de escolha. Mas se houver opção, você pode avaliar qual se encaixa melhor no seu perfil. Existem medicamentos subcutâneos, intravenosos e até mesmo via oral, em alguns casos. Alguns medicamentos são de aplicação semanal, outros quinzenais, mensais e até a cada 8 semanas. Alguns podem ser administrados em casa com treinamento, outros exigem necessariamente que seja feito numa clínica de infusão. E novos medicamentos surgem a todo momento. 

Tenha em mente que decisão compartilhada, também é responsabilidade compartilhada. Esteja ciente dos riscos e benefícios de cada tratamento ou procedimento a ser submetido. Isso te trará mais segurança de que as decisões sobre a sua saúde são as melhores para você.

 

 

Espondilite anquilosante: o que paciente deve saber

O que é a espondilite anquilosante (EA)?

É uma doença inflamatória que causa dor e rigidez na coluna lombar, cervical e às vezes no quadril e nos tornozelos. Ela faz parte de um grupo de doenças chamado “espondiloartrites”. 

Quem é mais acometido?

É mais comum em homens, principalmente com idade inferior a 45 anos. Mas é importante ressaltar que as mulheres também são acometidas mesmo que em menor proporção.

Quais os sintomas mais comuns?

  • Dor lombar que se inicia gradualmente com duração maior que 3 meses e que piora ao repouso e melhora ao movimento
  • Rigidez matinal prolongada que pode durar até 3 horas
  • A pessoa pode se tornar menos flexível com dificuldade para colocar meias ou sapatos
  • Inchaço e dor em outras articulações como quadris e ombros
  • Inflamação com dor nos calcanhares, cotovelos ou costelas 
  • Fadiga

Outros problemas que podem acompanhar a espondilite:

  • Inflamação ocular (uveíte)
  • Doença inflamatória intestinal
  • Problemas na valvas do coração

Como é feito o diagnóstico da espondilite anquilosante?

Não há nenhum teste que sozinho faça o diagnóstico da EA. Na presença de sinais e sintomas sugestivos da doença, o médico pedirá alguns exames complementares como radiografias e exames de sangue incluindo provas de atividade inflamatória (PCR e VHS). 

E o HLA-B27?

Ele está presente em aproximadamente em 80-95% dos pacientes com EA na maioria dos grupos étnicos. Ele pode ser detectado através de exame de um sangue normal.  É importante ressaltar que apesar de contribuir, ele isoladamente não fecha o diagnóstico, e a sua ausência, também não afasta por completo a espondilite anquilosante. Portanto, esse exame deve ser analisado dentro do contexto clínico e laboratorial do paciente.

Como a espondilite anquilosante é tratada?

São orientados exercícios que envolvam alongamento e fortalecimento muscular. É importante atentar a postura adequada. O tratamento medicamentoso envolve anti-inflamatórios não esteroidais como Ibuprofeno, Naproxeno, Meloxicam, entre outros. Se necessário, o reumatologista indicará outros medicamentos imunossupressores sintéticos ou biológicos.