A confusão entre biológicos e vacinas

Um outro dia, um paciente falou: – “Tomei a vacina há 2 semanas, doutora.” Eu entendi que era vacina da gripe ou da febre amarela. Então, perguntei: – “Mas qual? A da gripe?”. E ele respondeu: – “Não, doutora, o adalimumabe”.

Muitos pacientes costumam chamar o medicamento biológico, principalmente os de aplicação subcutânea, de vacina.

Mas o que são biológicos?

Os biológicos ou imunobiológicos são por definição produtos originados de organismos vivos que são desenvolvidos por meio da engenharia genética, ou de outras tecnologias de ponta, para atuar em alvos específicos dentro do organismo.

Na reumatologia, nós conhecemos os biológicos como os “tratamentos novos e de alto custo” que são usados na artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus, entre outros.

Mas, os biológicos não são produtos exclusivos da reumatologia. A insulina humana é considerada o primeiro medicamento biológico produzido, e hoje existem diversos medicamentos, como os utilizados no tratamento do câncer.

E voltando às vacinas, elas TAMBÉM são um tipo de imunobiológico por definição. Provavelmente, daí vem a confusão de achar que os medicamentos biológicos usados no tratamento de algumas doenças reumatológicas, também poderiam ser chamados de vacinas. São biológicos comumente usados na Reumatologia: abatacepte, adalimumabe, belimumabe, certolizumabe, etanercepte, golimumabe, infliximabe, tocilizumabe, rituximabe, secuquinumabe, entre outros. Esses medicamentos são, portanto, biológicos, mas não são vacinas. 

Só relembrando, o que é vacina?

Vacinar, é criar artificialmente e sem riscos, um estado de proteção contra determinadas doenças infecto-contagiosas e graves. As vacinas são substâncias biológicas, preparadas a partir dos microorganismos causadores das doenças (bactérias ou vírus), modificados laboratorialmente, de forma a perderem a sua potencia de provocar doença. As vacinas quando administradas, estimulam no organismo, depois de algum tempo, a produção de ANTICORPOS contra essas mesmas bactérias ou vírus. Fonte: Ministério da Saúde.

Assim, vacina é um biológico. Mas nem todo biológico é vacina.

Portanto, apesar da confusão ser justificável, é importante chamar o seu biológico, usado no tratamento da sua doença reumatológica, pelo nome correto.  Reconhecemos que, às vezes, os nomes são um tanto complicados de se memorizar e até mesmo difíceis de se pronunciar, mas com o tempo todos nós nos acostumamos.

Espondilite anquilosante: o que paciente deve saber

O que é a espondilite anquilosante (EA)?

É uma doença inflamatória que causa dor e rigidez na coluna lombar, cervical e às vezes no quadril e nos tornozelos. Ela faz parte de um grupo de doenças chamado “espondiloartrites”. 

Quem é mais acometido?

É mais comum em homens, principalmente com idade inferior a 45 anos. Mas é importante ressaltar que as mulheres também são acometidas mesmo que em menor proporção.

Quais os sintomas mais comuns?

  • Dor lombar que se inicia gradualmente com duração maior que 3 meses e que piora ao repouso e melhora ao movimento
  • Rigidez matinal prolongada que pode durar até 3 horas
  • A pessoa pode se tornar menos flexível com dificuldade para colocar meias ou sapatos
  • Inchaço e dor em outras articulações como quadris e ombros
  • Inflamação com dor nos calcanhares, cotovelos ou costelas 
  • Fadiga

Outros problemas que podem acompanhar a espondilite:

  • Inflamação ocular (uveíte)
  • Doença inflamatória intestinal
  • Problemas na valvas do coração

Como é feito o diagnóstico da espondilite anquilosante?

Não há nenhum teste que sozinho faça o diagnóstico da EA. Na presença de sinais e sintomas sugestivos da doença, o médico pedirá alguns exames complementares como radiografias e exames de sangue incluindo provas de atividade inflamatória (PCR e VHS). 

E o HLA-B27?

Ele está presente em aproximadamente em 80-95% dos pacientes com EA na maioria dos grupos étnicos. Ele pode ser detectado através de exame de um sangue normal.  É importante ressaltar que apesar de contribuir, ele isoladamente não fecha o diagnóstico, e a sua ausência, também não afasta por completo a espondilite anquilosante. Portanto, esse exame deve ser analisado dentro do contexto clínico e laboratorial do paciente.

Como a espondilite anquilosante é tratada?

São orientados exercícios que envolvam alongamento e fortalecimento muscular. É importante atentar a postura adequada. O tratamento medicamentoso envolve anti-inflamatórios não esteroidais como Ibuprofeno, Naproxeno, Meloxicam, entre outros. Se necessário, o reumatologista indicará outros medicamentos imunossupressores sintéticos ou biológicos. 

 

 

Quais doenças o reumatologista trata?

Fibromialgia

É uma doença que causa dores no corpo generalizadas e está associada a enxaqueca, distúrbios do sono e do humor, alterações intestinais, entre outros.

Artrite reumatoide

É uma doença autoimune crônica que pode afetar diversas articulações, sendo as mãos, os pés e os punhos as regiões mais acometidas.

Osteoartrite

Também conhecida como artrose, essa doença é caracterizada pelo desgaste das cartilagens que recobrem as extremidades dos ossos. Ocorre principalmente nos joelhos, quadril e mãos.

Osteoporose

É uma doença em que osso torna-se mais frágil com maior risco para fraturas. Ocorre principalmente em mulheres após a menopausa, mas também pode ocorrer em homens e ter outras causas secundárias.

Gota

Essa doença é desencadeada pelo acúmulo de ácido úrico no organismo. Ele pode se depositar nas articulações causando uma inflamação local.

Lúpus

É uma doença autoimune crônica sistêmica que provoca alterações em diversas partes do corpo. Pode acometer a pele, as articulações, os pulmões, os rins, o sangue, entre outros.

Lombalgias

O reumatologista pode diferenciar uma lombalgia comum de uma dor nas costas causada pela espondilite anquilosante.

Tendinites

O tendão é uma estrutura fibrosa que liga o músculo ao osso. A sua inflamação é, geralmente, causada por movimentos repetitivos e traz dor e limitação física.

Essas doenças acima citadas são as mais comumente tratadas pelo reumatologista. Porém, existem centenas de outras doenças que também são cuidadas por essa especialidade, como:

  • Síndrome de Sjögren

  • Síndrome antifosfolípide

  • Esclerose sistêmica

  • Doença mista do tecido conectivo

  • Doença de Behçet

  • Artrite psoriásica

  • Espondilite anquilosante

  • Polimiosite e dermatomiosite

  • Sarcoidose

  • Febre reumática

  • Vasculites

  • Artrites pós-infecciosas

3 exercícios que você não sabia, mas são maravilhas para a saúde

      1. Natação

       Aumenta a resistência física, melhora a flexibilidade e tem pouco impacto. Costuma ser recomendada para quem tem espondilite anquilosante, desde que não haja contra-indicação.

      2. Tai chi

       É uma forma de exercício que une mente e corpo. Originária da China envolve artes marciais, meditação e movimentos suaves de dança que levam a conexão da mente e corpo. É indicada como terapia complementar para transtornos de ansiedade, fibromialgia e osteoartrose de joelhos.

      3. Exercícios Kegel

         São exercícios que fortalecem a musculatura pélvica que sustenta a bexiga. Podem prevenir a incontinência urinária. 

Consulte seu médico para avaliar se está apto a realizar exercícios físicos.

Quando a dor nas costas pode ser espondilite anquilosante?

A dor nas costas comum costuma aparecer ao realizar esforços, piora no fim do dia e melhora ao descansar.

A dor lombar da espondilite anquilosante piora ao repouso, ao contrário da lombalgia comum, e pode vir associada a uma rigidez matinal. Tem início em adultos jovens, em geral com menos de 45 anos. Além disso, a dor é persistente, dura mais do que 1 mês e pode surgir primeiro na região lombar, mas pode acometer o pescoço, os quadris e outras juntas como os tornozelos e joelhos.

Apesar da origem ainda não ser totalmente esclarecida, sabe-se que há um marcador envolvido chamado HLA-B27, apesar dele não ser determinante em todos os casos.

A espondilite anquilosante pode vir associada a uveíte, psoríase e doenças inflamatórias intestinais.

O tratamento hoje em dia é bastante eficaz e envolve manter um estilo de vida saudável, evitar o cigarro e realizar exercícios físicos. Além do tratamento medicamento, com anti-inflamatórios, podem ser usados os chamados imunobiológicos, que atuam bloqueando a inflamação da espondilite.