Artrite reumatoide

12 de outubro é o dia mundial de conscientização sobre a Artrite Reumatoide.

Precisamos falar mais sobre a dor e sofrimento de quem convive com essa doença. Assim como, abordar as novas perspectivas de tratamento, e conversar mais sobre como promover melhora da qualidade de vida dessas pessoas.

A confusão entre biológicos e vacinas

Um outro dia, um paciente falou: – “Tomei a vacina há 2 semanas, doutora.” Eu entendi que era vacina da gripe ou da febre amarela. Então, perguntei: – “Mas qual? A da gripe?”. E ele respondeu: – “Não, doutora, o adalimumabe”.

Muitos pacientes costumam chamar o medicamento biológico, principalmente os de aplicação subcutânea, de vacina.

Mas o que são biológicos?

Os biológicos ou imunobiológicos são por definição produtos originados de organismos vivos que são desenvolvidos por meio da engenharia genética, ou de outras tecnologias de ponta, para atuar em alvos específicos dentro do organismo.

Na reumatologia, nós conhecemos os biológicos como os “tratamentos novos e de alto custo” que são usados na artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus, entre outros.

Mas, os biológicos não são produtos exclusivos da reumatologia. A insulina humana é considerada o primeiro medicamento biológico produzido, e hoje existem diversos medicamentos, como os utilizados no tratamento do câncer.

E voltando às vacinas, elas TAMBÉM são um tipo de imunobiológico por definição. Provavelmente, daí vem a confusão de achar que os medicamentos biológicos usados no tratamento de algumas doenças reumatológicas, também poderiam ser chamados de vacinas. São biológicos comumente usados na Reumatologia: abatacepte, adalimumabe, belimumabe, certolizumabe, etanercepte, golimumabe, infliximabe, tocilizumabe, rituximabe, secuquinumabe, entre outros. Esses medicamentos são, portanto, biológicos, mas não são vacinas. 

Só relembrando, o que é vacina?

Vacinar, é criar artificialmente e sem riscos, um estado de proteção contra determinadas doenças infecto-contagiosas e graves. As vacinas são substâncias biológicas, preparadas a partir dos microorganismos causadores das doenças (bactérias ou vírus), modificados laboratorialmente, de forma a perderem a sua potencia de provocar doença. As vacinas quando administradas, estimulam no organismo, depois de algum tempo, a produção de ANTICORPOS contra essas mesmas bactérias ou vírus. Fonte: Ministério da Saúde.

Assim, vacina é um biológico. Mas nem todo biológico é vacina.

Portanto, apesar da confusão ser justificável, é importante chamar o seu biológico, usado no tratamento da sua doença reumatológica, pelo nome correto.  Reconhecemos que, às vezes, os nomes são um tanto complicados de se memorizar e até mesmo difíceis de se pronunciar, mas com o tempo todos nós nos acostumamos.

Artrite reumatoide: novas perspectivas

Artrite Reumatoide (AR)

Sempre que falamos de artrite reumatoide, os pacientes perguntam: “é verdade que vou ficar com a mão toda torta?”. Antigamente, o diagnóstico da AR demorava a ocorrer, e quando o paciente chegava ao reumatologista, já havia muita deformidade e incapacidade funcional. Por isso, o que muita gente conhece da doença é aquela foto do doente com AR com as articulações já bastante deformadas.

Mas, a medicina evoluiu bastante nesse aspecto. Hoje existe um número muito maior de reumatologistas. E estes são orientados por critérios clínicos e laboratoriais que ajudam a classificar a doença, facilitando um diagnóstico mais precoce. Os tratamentos também evoluíram. Além dos DMARDs (drogas modificadoras de atividade de doença) sintéticos como metotrexato, leflunomida, hidroxicloroquina e sulfassalazina, existem os chamados biológicos, e também as “pequenas moléculas” que podem ser indicados em casos de falha terapêutica inicial. E os laboratórios continuam trabalhando para desenvolver novos medicamentos para o tratamento da AR.

Hoje em dia, além da preocupação com a “mão torta”, temos bastante cuidado em avaliar o caráter sistêmico da doença. É importante prevenir e tratar manifestações extra-articulares e manter um estilo de vida saudável, pois a AR é por si só é um fator de risco para doença cardiovascular.

Apesar de ainda ser considerada uma doença sem cura, sabemos que ela pode ser adequadamente tratada. E a chamada remissão da doença, pode ser atingida com grande sucesso, e nesses casos os pacientes com AR podem ter ótima qualidade de vida e mínima limitação funcional.

3 dicas para ter melhor qualidade de vida na AR

  • Não fume

O cigarro está associado ao desenvolvimento da AR, pior controle da doença e pior prognóstico.

  • Mantenha um estilo de vida saudável

Pratique exercícios físicos (com orientação médica)

Mantenha alimentação saudável. E, evite também o sobrepeso.

  • Educação sobre a doença

Aprenda sobre o seu diagnóstico. É preciso saber o nome e sobrenome. Não adianta saber que você tem artrite. É preciso saber se a artrite é reumatoide, psoriásica, reativa, enteropática, espondiloartrite, etc…  faz toda a diferença! Saiba o que você sozinho em casa pode fazer para melhorar a doença, conheça os tratamentos disponíveis e as complicações que podem ocorrer.

Cisto sinovial

O cisto sinovial é notado como um estrutura arredondada, principalmente no dorso (“parte de cima”) da mão ou do punho. Forma-se um cisto, “uma bolha” do líquido da articulação (líquido sinovial).

Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre 20 e 40 anos, e tem discreto predomínio em mulheres.

Ele pode surgir em qualquer articulação, mas o punho é o lugar mais comum. A causa ainda é desconhecida, mas é sugerido uma degeneração mucoide das estruturas periarticulares. O papel do movimento repetitivo ainda é incerto, mas pode induzir a piora da lesão.

Na maioria dos casos o cisto sinovial não causa nenhum sintoma, porém eventualmente pode provocar dor ou desconforto local.

Pode ser primário, ou seja, aparecer “do nada” ou ainda ser secundário a uma lesão ligamentar ou doença reumatológica.

Quando sintomático, indica-se repouso do local acometido e uso de anti-inflamatório não hormonal. Caso não tenha melhora, pode ser necessário aspiração do cisto, seguido de injeção de corticosteroide no local. Casos refratários são encaminhados para a cirurgia.

Se o fator reumatoide vier positivo, significa que tenho artrite reumatoide?

A resposta é não. Apesar do fator reumatoide ser positivo em 70 a 80% dos pacientes com artrite reumatoide (AR), há casos de pacientes com  artrite reumatoide com fator reumatoide NEGATIVO. Além disso, esse exame pode vir positivo em outras doenças, como no lúpus  eritematoso sistêmico, em que o fator reumatoide é positivo em 20 a 30% dos pacientes.

Outras doenças associadas com o fator reumatoide positivo:

  • Síndrome de Sjögren
  • Doença Mista do Tecido Conjuntivo
  • Dermatomiosite e Polimiosite
  • Sarcoidose
  • Crioglobulinemia
  • Colangite biliar primária
  • Infecções como HIV, hepatite B ou C e endocardite

E há ainda a presença do fator reumatoide em 5 a 10% das pessoas saudáveis, e isso ocorre principalmente em pessoas com idade mais avançada.

Por isso, é preciso considerar toda a história clínica e outros exames complementares, antes de dizer que é artrite reumatoide apenas por este exame positivo.

ARTRITE REUMATOIDE X TABAGISMO

No início deste ano, nós fizemos uma enquete sobre quais seriam as metas para o ano de 2019. Parar de fumar foi uma das mais comentadas. 

Mas afinal, o que tem a ver a artrite reumatoide (AR) com o tabagismo?

Vários estudos já demostraram a associação do tabagismo com o desenvolvimento da artrite reumatoide. Além disso, acredita-se que o cigarro possa diminuir a resposta ao tratamento com as drogas modificadoras de doença que são a base to tratamento da artrite reumatoide. Desse modo, os pacientes que fumam parecem apresentar um pior prognóstico da doença comparados àqueles que não são tabagistas. 

Já se sabe há bastante tempo que o cigarro aumenta o risco das doenças cardiovasculares como o infarto do miocárdio e  o acidente vascular cerebral (conhecido popularmente como derrame cerebral). A AR sendo uma doença inflamatória, por si só, é considerada um fator de risco independente para o desfecho cardiovascular. Os estudo mostram que a aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias) ocorre de forma mais acelerada. E portanto, se a pessoa tem artrite reumatoide e fuma, ela acrescenta um risco muito maior para piora dessa aterosclerose, e consequentemente aumenta muito o risco cardiovascular.

Sendo assim, sempre vale a pena parar de fumar. O primeiro passo é a decisão de QUERER parar! Se você fuma e tem vontade de parar, peça ajuda, pois você está dando um grande passo no cuidado da sua saúde e na prevenção de futuras doenças.

 

 

É verdade que corticoide engorda?

Corticoide é um tipo de medicamento muito usado no tratamento de doenças inflamatórias, alérgicas e doenças auto-imunes. Quem já precisou tomar, sabe que ele causa um alívio enorme dos sintomas, mas também pode levar a uma série de efeitos colaterais.

Os corticoides tomados por boca mais conhecidos são: a prednisona, a prednisolona e o deflazacorte. 

Mas afinal, o corticoide pode levar a um ganho de peso?

A resposta é sim. Esse efeito costuma ser dose dependente e relacionado à duração do tratamento.

O corticoide leva a redistribuição da gordura do corpo, ou seja, a gordura pode se acumular em locais indesejados, como no parte de trás do pescoço e ainda no rosto. Ele pode ficar “inchado”, arredondado, o que os médicos chamam de “moon face” ou “face de lua cheia”.  E ainda, há um aumento de apetite que pode contribuir bastante para o excesso de peso.

Assim, se você precisa do corticoide para controle da sua doença, é recomendável manter um estilo de vida saudável e ainda realizar um acompanhamento médico regular para minimizar os possíveis efeitos adversos deste medicamento.

5 dicas para evitar as dores nas mãos

Se você tem dor nas mãos, seja por artrose, tendinite ou artrite reumatoide, você deve proteger essas articulações.  É preciso ter atenção nos movimentos diários para não sobrecarregar suas mãos. 

Aqui vão algumas dicas:

1- Como segurar os objetos?

Ao segurar objetos pesados, como um prato, use a palma das duas mãos como apoio, e não somente a ponta dos dedos.

                

2- Como segurar as sacolas e bolsas?

Evite carregar as sacolas na ponta dos dedos. Procure carregá-las, ou na altura do cotovelo, ou ombros, sempre em uma articulação maior para evitar sobrecarregar as pequenas articulações das mãos. Se for ao mercado ou feira, onde já sabe que carregará uma quantidade maior de compras, já se programe para levar um carrinho para não precisar carregar as compras nas mãos. Esse mesmo princípio vale para as mulheres que costumam carregar bolsas pesadas no dia-a-dia. Evite as bolsas “de mão”, procure trocá-las por bolsas que possam ser carregadas nos ombros, e de preferência com pouca carga. Faça uma limpeza na sua bolsa com frequência e evite o peso desnecessário.

 

                  

 

3- Palma da mão

Use toda a palma da mão e não apenas as pontas dos dedos para abrir os potes.

4- Cuidado com o uso excessivo do celular

Evite digitar muito no celular e procure alternar as mãos ao usar o aparelho. Tente ainda poupar o polegar, digitando com os outros dedos também. E se for enviar uma mensagem muito extensa, pode utilizar o recurso de mensagem por voz. 

5- Adaptação no trabalho

Procure realizar uma adaptação, caso o seu trabalho exija o uso das mãos o tempo todo.  O terapeuta ocupacional é o profissional habilitado a fornecer orientações sobre adaptação dos movimentos e proteção articular.

 

 

Crédito das fotos:

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Meu médico disse que minha doença é auto-imune, mas o que isso significa?

Nosso corpo tem um sistema de defesa chamado sistema imune. Quando entramos em contato com um vírus, uma bactéria ou um fungo, nosso organismo se organiza para combater esses germes. Porém, em algumas pessoas, por motivos variados, esse sistema imune deixa de funcionar adequadamente. E ao invés de atacar apenas os germes, ele passa a atacar o próprio indivíduo.

É como se tivéssemos um cão de guarda que serviria para proteção contra o ladrão, porém em certo momento, ele passa a atacar o próprio dono. 

São exemplos de doenças auto-imunes reumatológicas, o lúpus, a síndrome de Sjögren, a esclerose sistêmica, a artrite reumatoide, entre outros.

Por isso, no tratamento de algumas das doenças auto-imunes são usados os imunossupressores. Esses medicamentos diminuem a imunidade para que ele deixe de atacar o indivíduo e passe a atacar apenas os microorganismos indesejáveis. 

Ocorre que muitas vezes o imunossupressor pode diminuir bastante a nossa defesa, como se colocássemos uma focinheira naquele cão de guarda. Nesse caso, ele deixaria de morder o próprio dono, mas também não conseguiria morder o ladrão. Ou seja, quem toma imunossupressor deve ficar atento às infecções, pois a defesa pode ficar diminuída e a infecção que normalmente seria combatida facilmente, pode se tornar mais  grave.

Ministério da Saúde atualiza protocolo de tratamento da artrite reumatoide

Recentemente, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica para atualizar PCDT  (“Protocolo Clínico de Diretrizes   Terapêuticas”) de Artrite Reumatoide.

O objetivo é a “atualização das orientações para disponibilização de medicamentos com melhor relação de custo-minimização a serem ofertadas no SUS para o tratamento da artrite reumatoide.”

Em resumo, por esta nota técnica, “para pacientes novos incluídos na segunda etapa do tratamento (Fase 3) ou para aqueles que apresentarem falha terapêutica (Fase 4) ao uso de biológicos, em consonância com o PCDT, deverá preferencialmente ser disponibilizado para o prescritor a opção de 2 (dois) MMCD biológicos (certolizumabe pegol e o adalimumabe) OU tofacitinibe, já que são os medicamentos que atualmente apresentam melhor custo-minimização. Além disso, por ser objeto de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo, poderá também ser preferencialmente disponibilizado o infliximabe 100 mg nas situações supracitadas.”