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Doença de Still do adulto

A doença de Still do adulto é uma doença inflamatória rara de causa ainda desconhecida.

Ela é caracterizada pela presença de:

  • febre recorrente que ocorre em picos diários de 39-40ºC predominantemente no final do dia ou à noite;
  • dor articular de caráter inflamatório principalmente em punhos, joelhos e tornozelos;
  • na pele podem aparecer lesões características descritas como lesões maculares ou maculopapulares de cor rosa-salmão que eventualmente podem coçar. Acometem principalmente o tronco e regiões próximas aos braços e pernas, poupa a palma das mãos e a planta dos pés;
  • faringite aguda é descrita em até 60% dos casos.

O diagnóstico é baseado em critérios clínicos e laboratoriais, mas ainda não existe um marcador em exame de sangue que faça o diagnóstico da doença.

O tratamento é feito com corticoides, e se necessário, imunossupressores como metotrexato e medicamentos imunobiológicos.

É importante ressaltar que febre é um sinal de alarme. Por isso, na presença de febre e artrite, é importante procurar o médico rapidamente para afastar causas infecciosas e realizar o diagnóstico precoce, no caso da presença de uma doença mais rara como a doença de Still do adulto.

Dor ciática

Muita gente já ouviu falar da dor ciática ou ciatalgia. Mas afinal de contas, o que é o nervo ciático?

O nervo ciático é o maior nervo do corpo humano. Ele se origina das raízes nervosas que saem da coluna lombar e é responsável por controlar as articulações do quadril, joelhos e tornozelos, além dos músculos das pernas e pés. 

A dor ciática ocorre por inflamação, compressão ou irritação do nervo ciático. Então, a ciatalgia é mais um sintoma, do que uma doença propriamente dita.

Causas

A causa principal é a hérnia de disco, pode ocorrer também na estenose do canal vertebral, na espondilolistese, e mais raramente, por trauma ou compressão tumoral.

Quais as características da dor ciática?

  • Dor na parte posterior do glúteo, coxa e perna;
  • Dor tipo choque ou queimação;
  • Nos casos mais graves pode haver diminuição da força muscular do membro afetado;
  • Perda de sensibilidade e/ou diminuição dos reflexos na região afetada;
  • Piora ao espirrar ou tossir;
  • Geralmente a dor melhora deitado;
  • Aumento da dor com a manobra de elevar o membro inferior esticado se o paciente estiver deitado.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico com a história clínica em que o médico analisa as características da dor, e se necessário, ele solicita exames complementares como raio-X, tomografia computadorizada  ou ressonância magnética.

Diagnósticos diferenciais

É importante ressaltar que muitas vezes, as dores são erroneamente chamadas de ciáticas. As dores podem ter outras causas que não a hérnia de disco, e nesse caso não tem relação com o nervo ciático. Por exemplo, dores na face lateral da coxa podem ser uma bursite trocantérica, dor na nádega pode ser causada pela bursite isquiática, podem ocorrer ainda as dores miofasciais, entre outros.

Prevenção

 

Realize exercícios físicos regulares associados a alongamento e fortalecimento muscular. Procure ter atenção à sua postura no trabalho ou em casa. Veja se a posição da cadeira, do computador e colchões estão adequados. Evite carregar excesso de peso e procure carregá-los de forma adequada.

Tratamento conservador

Primeiro tenta-se identificar e corrigir as causas responsáveis pela compressão desse nervo. Nas crises agudas de dor, podem ser usados analgésicos, anti-inflamatórios, repouso por curto período. Indica-se fisioterapia, e se indicado é possível tentar infiltração com corticoide, guiadas por radioscopia ou tomografia.

Tratamento cirúrgico

Indicado quando não há melhora com o tratamento conservador. E sua indicação deve ser avaliada pelo médico especialista.

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Hipotireoidismo e dores articulares

A tireoide é uma glândula localizada no pescoço muito importante por produzir hormônios fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Todas as pessoas possuem tireoide, ou seja, “ter tireoide” é normal, o problema ocorre quando ela não está funcionando bem. Quando o funcionamento está diminuído, com baixa produção dos hormônios, ocorre o hipotireoidismo.

A prevalência do hipotireoidismo varia de 0,1 a 2% e é mais comum em mulheres. Os sintomas incluem fadiga, intolerância ao frio, ganho de peso, constipação, pele seca e irregularidades menstruais.

E quais as manifestações reumatológicas associadas ao hipotireoidismo?

  • Dores articulares com envolvimento de mãos, pés, punhos e joelhos. Reversível após a reposição do hormônio.
  • Mialgias
  • Fraqueza muscular, pode haver aumento da enzima muscular chamada CPK
  • Neuropatia sensoriomotora
  • Síndrome do túnel do carpo

É importante lembrar que na presença desses sintomas, o médico deverá ser consultado. Deve-se realizar a pesquisa de diagnósticos diferenciais, pois as manifestações reumatológicas associadas ao hipotireoidismo são frequentes também em várias outras doenças reumatológicas que precisam ser descartadas.

Tratamento não medicamentoso da fibromialgia

A fibromialgia é uma doença reumatológica em que ocorrem dores difusas pelo corpo todo. Outros sintomas são cansaço, um sono que não descansa, problemas de memória e concentração,  formigamentos ou dormências, ansiedade, depressão, dores de cabeça, e alterações intestinais.

Tratamento multidisciplinar

O tratamento da fibromialgia deve ser multidisciplinar, ou seja, além do reumatologista, colaboram com um acompanhamento em conjunto, o psicológo, psiquiatra, fisioterapeuta, educador físico e terapeuta ocupacional. É importante ressaltar que o apoio da família é fundamental e faz parte do tratamento da pessoa com fibro.

Exercícios físicos

São indicados exercícios aeróbicos (terrestres como caminhada e aquáticos como hidroginástica) combinados com fortalecimento muscular (treino de força/musculação). É importante saber que no início, o paciente pode sentir piora da dor ao realizar o exercício, mas que o benefício a longo prazo vale a pena, e que eles comprovadamente ajudam no tratamento. Além disso, quando a fase inicial passa, o paciente começa a sentir os benefícios dos exercícios, como a melhora das dores, do condicionamento físico e da qualidade do sono.

Terapias complementares

  • Tai chi/qi gong

  • Meditação (mindfulness)/terapia de consciência corporal
  • Acupuntura
  • Balneoterapia/hidroterapia

A fibromialgia pode causar distúrbios do sono. A pessoa pode apresentar insônia, acordar várias vezes durante à noite, levantar pela manhã já se sentindo cansada e ter sonolência durante o dia. É importante realizar medidas de higiene do sono.

Medidas de higiene do sono

  • Criar uma rotina para tentar dormir sempre no mesmo horário
  • Evitar ingerir qualquer tipo de estimulantes no período noturno. Estimulantes mais comuns são: café, coca-cola, guaraná, chimarrão e alguns tipos de chá.
  • Evitar ficar no celular/ tablet antes de dormir
  • Apagar todas as luzes, fechar as cortinas, desligar as luzes do celular/tablet 
  • Tornar o quarto um ambiente silencioso. Dormir em ambientes barulhentos diminui a qualidade do sono
  • Procurar não deixar para resolver os problemas na hora de deitar na cama

Acompanhamento psicológico

É bastante comum o transtorno depressivo e/ou de ansiedade estar associado a fibromialgia. Nesses casos é bem importante avaliação e tratamento com psicológo e psiquiatra. Uma das terapias indicadas é a cognitivo-comportamental.

E o que não é recomendado:

  • Hipnoterapia
  • Biofeedback
  • Quiropraxia
  • Massagem

O tratamento não medicamentoso é fundamental para o sucesso no tratamento da fibromialgia. 

Novos aparelhos para combater a dor da fibromialgia

Nos últimos meses a mídia tem noticiado uma nova possibilidade de tratamento para a fibromialgia com laser e ultrassom conjugados. Segundo às informações divulgadas, a pesquisa foi realizada pelo Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP  que realizaram sessões de aplicação de laser e ultrassom (três minutos em cada palma), realizadas duas vezes por semana nos voluntários. Segundo os pesquisadores, os resultados foram positivos, pois a aplicação de ultrassom e laser conjugados culminaria na ampliação do potencial anti-inflamatório de ambos os recursos, retomaria o equilíbrio no organismo e controlaria a dor.   

Frente a essas publicações, a Sociedade Brasileira de Reumatologia publicou um nota de esclarecimento:

“A Comissão Científica de Dor, Fibromialgia e outras Lesões de Partes Moles, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) –  atenta ao seu papel de informar e prestar esclarecimentos sobre as especificidades das doenças reumáticas -,  aguarda, com grande expectativa, estudos clínicos complementares (duplo-cegos com placebo controlado e randomizados), sobre a eficácia de equipamento que associa laser e ultrassom, para controle da dor da fibromialgia. A ação deste aparelho seria por meio de  aplicação na palma da mão do paciente, como vem sendo noticiado. Entretanto, a SBR lembra que, pela abrangência do conhecimento atual,  sobre os mecanismos da fibromialgia que envolvem predominantemente alterações no processo da dor no sistema nervoso central, não é possível concluir que intervenções de aparelhos com atuação na periferia do sistema nervoso (como na palma da mão) possam reduzir, de forma significativa, a intensidade e extensão da dor na fibromialgia. 

A fibromialgia é uma doença reumática complexa, em que o paciente sente, de forma exacerbada, dores por todo o corpo e por longos períodos, com sensibilidade nas articulações, músculos, tendões e em outros tecidos moles. Junto com a dor, a fibromialgia pode causar fadiga, distúrbios do sono, dores de cabeça, ansiedade e depressão.

A SBR reforça que estimula e aplaude toda e qualquer pesquisa que leve a descobertas científicas que possam proporcionar, melhoria da vida dos pacientes de doenças reumáticas, sobretudo àqueles impactados por dores crônicas.”

Em resumo, apesar do entusiasmo frente aos resultados positivos desta pesquisa, ainda são necessários mais estudos para comprovar que esses equipamentos são eficazes para o tratamento do fibromialgia. 

Gota

O que é gota?

É uma doença caracterizada pelo aumento de ácido úrico e deposição de cristais de monourato de sódio nas articulações. Isso provoca inflamação, com dor e inchaço na junta acometida.

É mais comum em homens, com maior incidência entre 30 e 60 anos. Nas mulheres, a incidência aumenta após a menopausa.

O que causa a gota?

O mais comum é o indivíduo ser hipoexcretor, ou seja, ter diminuída a eliminação do ácido úrico pelo rim. Mais raramente, pode haver um defeito enzimático que leva a produção excessiva de ácido úrico. 

Quais os fatores de risco para desenvolver gota?

Insuficiência renal, tabagismo, obesidade, consumo excessivo de álcool e síndrome metabólica (hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia).

Como ocorre a gota?

O acúmulo de ácido úrico leva a formação de cristais em decorrência da supersaturação de urato nos tecidos envolvidos. Ocorre ativação de diversos mecanismos inflamatórios que vão levar a crise de gota característica da doença.

Quais são os sintomas?

A gota pode ser assintomática, principalmente no início da doença. Mas posteriormente, pode apresentar a crise aguda da gota com dor articular intensa, calor, eritema (vermelhidão) e inchaço no local. Pode haver grande hipersensibilidade ao toque.  O achado mais clássico é a podagra (inflamação do “dedão” do pé). Se a doença não for adequadamente tratada, o intervalo das crises pode diminuir e as crises de dor podem ficar mais prolongadas, terminando por se tornar um quadro crônico com sequelas e deformidades. Nessa fase, podem ocorrer os chamados tofos da gota que são nodulações por acúmulo do ácido úrico. Eles podem ocorrer nas orelhas (pavilhão auricular) e cotovelos, principalmente.   

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Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico clínico da gota é fortemente sugerido pela alternância das crises agudas de gota com períodos assintomáticos. O diagnóstico definitivo é feito através da presença dos cristais de monourato de sódio no líquido puncionado da articulação acometida. Em alguns casos, são solicitados exames de imagem como radiografia, ultrassom e tomografia de dupla energia.

Na investigação o médico pode solicitar o ácido úrico no sangue e na urina de 24horas. É importante lembrar que até 30% dos pacientes com gota podem ter o ácido úrico normal durante a crise de gota.

Qual a dieta para tratamento da gota?

Hoje em dia, não se preconiza mais, dietas restritivas para tratamento da gota. Antigamente, uma série de alimentos eram proibidos, como carne vermelha e frutos do mar. Porém, o que se sabe hoje, é que o paciente com gota costuma ter várias doenças associadas como hipertensão, diabetes, aumento do colesterol e insuficiência renal. E por ter essas várias co-morbidades, o doente já deve ter o cuidado com a alimentação indicado para cada doença de base. Assim, para gota o que se indica é uma dieta saudável, com moderação principalmente no consumo de álcool. Deve-se evitar os alimentos que o paciente sabidamente percebe que desencadeia crise. 

Como é o tratamento medicamentoso?

As crises podem ser indicados antiinflamatórios, corticoide e/ou colchicina. E para o quadro crônico, o médico indicará o tratamento específico.

Miopatias autoimunes sistêmicas

As miopatias auto-imunes sistêmicas são um grupo de doenças inflamatórias, que tem como alvo principal, os músculos.

Elas podem ser subdividas em:

  • Dermatomiosite
  • Polimiosite
  • Miosite por corpúsculos de inclusão
  • Miopatia necrotizante imunomediada
  • Síndrome antissintetase
  • Miopatias associadas a outras doenças autoimunes

Os principais sintomas são fraqueza muscular e mialgia. Elas podem, ainda, apresentar junto ao quadro muscular, acometimento cutâneo, pulmonar, cardíaco e/ou do trato gastrointestinal.

Rizartrose: a artrose na base do polegar

Rizartrose é o termo dado a artrose (desgaste da cartilagem articular) que atinge a articulação da base do polegar.

A causa exata ainda é desconhecida, acredita-se que ela ocorra por diversos fatores como:

  • fatores genéticos 
  • desgaste por uso repetitivo da articulação
  • causas pós-traumáticas

Os sintomas são dor na base do polegar, inchaço e limitação do movimento.

O diagnóstico é feito através da história clínica, exame físico e radiografia das mãos.

A prevenção deve ser feita através da proteção articular. Deve-se evitar atividades repetitivas que sobrecarreguem esta articulação, como digitar no celular constantemente com o polegar.

O tratamento da rizartrose envolve o repouso articular, uso de talas (órteses) específicas, analgésico e anti-inflamatórios.

Em casos refratários, pode ser indicada infiltração com corticoide, e nos ainda assim não responsivos, indica-se cirurgia.

 

Cisto sinovial

O cisto sinovial é notado como um estrutura arredondada, principalmente no dorso (“parte de cima”) da mão ou do punho. Forma-se um cisto, “uma bolha” do líquido da articulação (líquido sinovial).

Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre 20 e 40 anos, e tem discreto predomínio em mulheres.

Ele pode surgir em qualquer articulação, mas o punho é o lugar mais comum. A causa ainda é desconhecida, mas é sugerido uma degeneração mucoide das estruturas periarticulares. O papel do movimento repetitivo ainda é incerto, mas pode induzir a piora da lesão.

Na maioria dos casos o cisto sinovial não causa nenhum sintoma, porém eventualmente pode provocar dor ou desconforto local.

Pode ser primário, ou seja, aparecer “do nada” ou ainda ser secundário a uma lesão ligamentar ou doença reumatológica.

Quando sintomático, indica-se repouso do local acometido e uso de anti-inflamatório não hormonal. Caso não tenha melhora, pode ser necessário aspiração do cisto, seguido de injeção de corticosteroide no local. Casos refratários são encaminhados para a cirurgia.

Quais são os sintomas do lúpus?

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória crônica que acomete, principalmente, mulheres jovens em idade fértil.

Seus principais sintomas são:

  • Fadiga, febre, perda de peso e mialgia
  • Dores articulares
  • Na pele, pode haver uma lesão em face conhecida como “asa de borboleta” após exposição ao sol, lesões discoides, e ainda, úlceras orais ou nasais

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  • Pode haver aumento dos linfonodos (também conhecidos como gânglios)
  • Pode envolver o rim, os pulmões, o trato gastrointestinal, o coração, os olhos, o sistema hematológico (do sangue) e até alterações neuropsiquiátricas.

 

Apesar de ser uma doença complexa e potencialmente muito grave, o lúpus também pode ser adequadamente tratado e a pessoa pode ter uma ótima qualidade de vida. Por isso, é bem importante que o diagnóstico seja precoce e que o portador da doença realize o acompanhamento correto com o médico reumatologista.