Quando vamos ao médico, nós levamos nossas queixas, o médico dá o diagnóstico e decide o nosso tratamento, certo? Parece não haver nada errado nisso. Mas o que faltou nessa consulta foi o que chamamos de decisão compartilhada. 

A decisão compartilhada é quando o médico e o paciente tomam juntos a decisão sobre os rumos dos cuidados da saúde do paciente. É acima de tudo, uma conversa franca, em que são explicados pelo médico os riscos/benefícios, as opções de tratamento, as possibilidades de melhora e piora, tudo com embasamento científico. E do outro lado, o paciente expõe sua situação de vida, incluindo questões financeiras, familiares, de trabalho, lazer, ou qualquer que seja o assunto que tenha impacto na saúde.

Porém, a decisão compartilhada muitas vezes não encontra o ambiente ideal no consultório. Quer seja, pelo tempo escasso da consulta que impede que ambas as partes não consigam expor as informações relevantes, quer seja pela falta de habilidade do médico em conseguir adequar o tratamento ao contexto de vida e preferências do paciente. Mas, isso não impede que a decisão compartilhada seja perseguida como um caminho para trazer maior individualização e qualidade para o tratamento dos pacientes. 

Algumas dicas ajudam a criar uma oportunidade de decisão compartilhada na consulta:

  • Antes de se submeter a um procedimento invasivo, pergunte ao médico “o que aconteceria se não fizesse nada?”. Não que você vá certamente escolher não fazer nada, mas é preciso saber as consequências, para ter melhores condições de fazer sua escolha.
  • Se você não tiver condição financeira de comprar um medicamento, pergunte se há uma opção mais barata ou que seja oferecida pelo SUS. Questione ainda, se a troca vai causar algum prejuízo no tratamento.
  • Esteja sempre informado, mas não recorra ao “Dr. Google” de forma desorientada. A internet está repleta de “fake news” e informações, que, muitas vezes, não tem nenhum embasamento científico.
  • O caso do paciente reumatológico que vai ser submetido ao tratamento com biológico tem várias particularidades. A escolha do biológico vai além das questões clínicas da enfermidade. Ela envolve farmacoeconomia, disponibilidade no SUS ou liberação pelos convênios, já que são medicamentos de alto custo e tem sua disponibilização controlada. Existe no mercado uma ampla variedade de opções. É claro, que o reumatologista é pessoa mais qualificada para orientar o medicamento de escolha. Mas se houver opção, você pode avaliar qual se encaixa melhor no seu perfil. Existem medicamentos subcutâneos, intravenosos e até mesmo via oral, em alguns casos. Alguns medicamentos são de aplicação semanal, outros quinzenais, mensais e até a cada 8 semanas. Alguns podem ser administrados em casa com treinamento, outros exigem necessariamente que seja feito numa clínica de infusão. E novos medicamentos surgem a todo momento. 

Tenha em mente que decisão compartilhada, também é responsabilidade compartilhada. Esteja ciente dos riscos e benefícios de cada tratamento ou procedimento a ser submetido. Isso te trará mais segurança de que as decisões sobre a sua saúde são as melhores para você.

 

 

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